Quem são as prefeitas do estado de São Paulo
Pesquisa do Cepam revela que 11% das prefeituras paulistas são comandadas por mulheres, e que 85% foram reeleitas
Das 72 prefeitas paulistas, 42 responderam à pesquisa e, dessas, 85% foram reeleitas. O estado de São Paulo é dividido em 15 Regiões Administrativas e 14 têm prefeitas, com exceção da Região de Barretos. O estudo aponta ainda que 85% das prefeitas têm ensino superior completo e 35% concluíram a pós-graduação.
Embora as mulheres à frente de prefeituras ainda sejam minoria, na opinião das prefeitas, há muito o que comemorar no Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.
Reeleita com 84,36% dos votos, em Lençóis Paulista, Izabel Cristina Campanari Lorenzetti é a primeira prefeita da cidade: “Uma importante conquista, mas um desafio enorme”, define. Professora, Izabel sempre atuou na área cultural, em projetos da cidade. De acordo com ela, isso a fez conhecer as demandas e “desejar mudanças, sonhar com uma cidade melhor”.
Eleita na primeira vez em que concorreu a um cargo eletivo, ela relata a sensação que teve agora com a reeleição: “Tem um sabor diferente. Após colocar trabalho e estilo para serem julgados e avaliados pelos eleitores, aprecio o resultado positivo. Aumentam os desafios e o compromisso de corresponder à confiança de todos”.
Casada, mãe de três filhos e com quatro netos, ela avalia que “lidar com múltipla jornada é exercitar o equilíbrio, a organização e o bom senso. Há momentos em que a mãe/esposa/avó e a prefeita entram em conflito, mas tudo se encaixa. Todos aprendem a colaborar e respeitar. O importante é estar ‘inteiros’ onde estivermos”.
Ela acrescenta: “Embora seja prefeita 24 horas por dia, procuro não levar os problemas e assuntos da cidade para dentro da minha casa ou da minha família, mesmo porque eles são tantos que não caberiam lá! Por outro lado, não trago os problemas e assuntos familiares para dentro da Administração Pública. Enquanto for prefeita, tenho minha missão como mulher ampliada: aceito, enfrento e festejo”.
Sobre as conquistas e os desafios das mulheres, Izabel afirma que “todas as pesquisas e estudos demonstram que a mulher assume cada vez mais postos de comando e aumenta sua atuação em todas as áreas da sociedade. A participação feminina na política, embora sempre crescente, está aquém da participação nas empresas, nos negócios e nas diferentes profissões. Há muito para comemorar, mas muito a ser conquistado”.
Também professora, Maria Vicentina da Silva orgulha-se de ser a primeira prefeita de Piedade, eleita em 2012: “Sinto-me muito feliz, porque foi a forma que encontrei para devolver ao município tudo o que sempre me ofereceu. Nasci e me criei aqui, onde desenvolvi valores como a ética e responsabilidade”.
Maria Vicentina foi professora por 32 anos, além de ter sido diretora, supervisora de ensino e, por último, dirigente regional de ensino de Sorocaba. Para ela, “essa vivência na Educação traz elementos fundamentais para desenvolver a atividade política. Nós ouvimos as pessoas, temos sensibilidade para identificar as demandas e tomar decisões”.
Em sua opinião, o mundo vive um momento importante com grandes gestoras e “demonstrando que temos condições de dividir os mesmos espaços e desenvolver as mesmas funções que os homens, com as mesmas competências”.
Ela acredita que não há diferenças na gestão de um homem e uma mulher, “porque tudo precisa acontecer dentro da legalidade. Porém, a todo momento, temos que provar que somos capazes, competentes, pois somos mais cobradas, testadas. Aquele pensamento: Será que ela é firme?”.
Além disso, acrescenta a prefeita de Piedade, é “preciso lidar com as outras jornadas. Fazer compras, cuidar da casa, dos filhos, netos. Até por causa dessa vivência do lar, temos olhar multifacetado”.
Quem também se orgulha em ocupar pela primeira vez o cargo mais alto do Executivo municipal é Eunice Mistilides Silva, prefeita de Jales. Enfermeira, Eunice já atua há alguns anos na gestão municipal: já foi diretora do Núcleo Regional de Saúde e do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, além de ter sido chefe de Gabinete da Secretaria da Saúde de Jales.
“É um desafio e era um sonho [ser prefeita]. Sempre somos testadas para ver se vamos desistir, mas temos que demonstrar força e coragem de ir atrás de nossos sonhos. As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço, viemos para equilibrar, mas ainda estamos muito longe disso”, ressalta Eunice.
Jaleense, a prefeita revela que “ter sido eleita foi uma honra e a maioria do meu secretariado é composto de mulheres. Avançamos bastante e, por mais que seja um desafio e haja tantos problemas, fico muito satisfeita e todos os dias sei que dei o meu melhor”.
Dia Internacional da Mulher
A Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou, em 1975, o Dia Internacional da Mulher, para lembrar os avanços não apenas no que diz respeito à participação na política, mas também ao mercado de trabalho, uma vez que a presença feminina em cargos de direção e presidência nas empresas é cada vez mais comum.
A data é comemorada, mundialmente, no dia 8 de março, em homenagem às operárias de uma fábrica de tecidos da cidade de Nova Iorque que fizeram uma greve, em 1857.
Elas ocuparam o prédio da fábrica, para reivindicar melhores condições de trabalho. Houve repressão e foram trancadas dentro do prédio, que foi incendiado. Cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.
O objetivo da data é debater o papel da mulher na sociedade atual, os avanços e desafios, a fim de promover a igualdade de gênero e acabar com o preconceito.
Por: Centro de Pesquisas da Administração Público do Estado de São Paulo
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