Na tarde/noite  desta quinta-feira (4/4), o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região realizou a posse solene dos seus dois novos desembargadores:  Fernando Cabral de Andrade Filho e Edmilson Alves da Silva. Conduzida pela presidente do Regional, a desembargadora Nise Pedroso Lins de Sousa, a cerimônia aconteceu na Sala de Sessões do Pleno, na sede do Tribunal. Confira o álbum de fotos. (link externo)

A presidente destacou a alegria de receber formalmente os novos colegas integrantes da segunda instância do TRT-6. Deu as boas-vindas aos novos desembargadores e os parabenizou por tantos anos de dedicação ao Judiciário Trabalhista, vendo o fato como prenúncio do trabalho eficiente que farão nas novas funções. Ela sublinhou o privilégio de haver acompanhado a carreira de ambos os juízes no primeiro grau. “Estamos recebendo dois magistrados de sólida formação e vocacionados, por isso, estou certa de que muito contribuirão para o aperfeiçoamento do Pleno do nosso TRT”, disse. 

Na cerimônia simbólica de condução dos novos desembargadores à bancada do Pleno, coube à desembargadora Gisane Barbosa de Araújo e ao desembargador corregedor, Fábio Farias, acompanharem Fernando Cabral de Andrade Filho. Já  Edmilson Alves da Silva  foi acompanhado pelos desembargadores Valdir Carvalho e Ivan Valença. 

O discurso de saudação aos novos empossados foi realizado pelo desembargador vice-presidente do TRT-6, Sergio Torres Teixeira, que destacou tratar-se de uma grande honra, mas também de uma enorme responsabilidade. Sergio Torres lembrou que Fernando Cabral foi seu colega da graduação em Direito e que mantém “laços fraternos” com Edmilson Alves há mais de 30 anos. 

Sobre  Fernando Cabral Filho, o desembargador vice-presidente assinalou que o magistrado escolheu a mesma carreira do pai - o desembargador Fernando Cabral, que presidiu o TRT-6 no biênio 2003-2005, mas que, desde cedo,  construiu um caminho próprio. Já a respeito de Edmilson Alves, comentou a trajetória de superação do menino que nasceu na zona rural do município de Maraial - Matal Sul de Pernambuco - e que teve de vencer grandes obstáculos até chegar aos bancos da universidade e seguir a carreira de juiz. 

Por fim, o desembargador Sergio Torres  mencionou que a chegada dos dois novos componentes é um grande acontecimento para o Regional. “Que felicidade para o TRT-6 recebê-los. A bancada reconhece a importância dos novos membros, que vêm engrandecer o Pleno”, afirmou. 

Na cerimônia, o desembargador Fernando Cabral de Andrade Filho recebeu a Medalha Juiz Eurico de Castro Chaves, que lhe havia sido concedida no ano de 2015. A comenda, instituída  pelo TRT-6 para celebrar os cem anos da abolição da escravatura,  é concedida a magistrados e servidores que tenham prestado, no mínimo, 25 anos de serviço ao TRT-6, sem registro de punição funcional. 

Em seu discurso, o desembargador Fernando Cabral de Andrade Filho, recordou que os 31 anos de exercício da magistratura lhe permitiram conhecer a realidade de todo o estado de Pernambuco, do interior à capital. O magistrado manifestou a alegria da ocasião. “Registro, também, a minha felicidade de compartilhar com o amigo desembargador Edmilson Alves da Silva este momento especialíssimo nas nossas vidas”, comemorou .

O magistrado manifestou gratidão aos pais. Ao homenagear a mãe, Erlanda, declarou: “Como pedagoga, ensinou-me o valor do estudo.” Em referência ao genitor, chamou-o de “meu saudoso e amado pai” e relembrou que ele integrou o TRT-6 por mais de 40 anos. Revelou que herdou do seu pai a admiração pela área trabalhista. “Foi o meu pai, já minha primeira infância, que me ensinou a amar a Justiça do Trabalho”, confessou. 

Ele elogiou ainda a atuação da desembargadora Virgínia Malta Canavarro, que se aposentou e em cuja vaga tomou posse. Destacou por fim os desafios que se colocam à magistratura na conjuntura atual do Brasil. “A função do Judiciário na sociedade democrática é garantir a efetividade do direito do cidadão e, consequentemente, exercer a sua função pedagógica”, avaliou. 

Ao discursar, o desembargador Edmilson Alves da Silva fez referência ao desembargador Larry Oliveira, a quem está sucedendo no Tribunal, tratando-o de “meu amigo e irmão de tantas décadas” e revelando uma amizade que vem desde os primeiros passos que o agora desembargador deu no TRT-6. 

Na sequência o desembargador historiou sua comovente história de vida, um caso de enfrentamento de uma realidade difícil. “Eu vim de onde quase ninguém vem porque fica; estive esses anos todos, ao menos 40, no lugar em que quase ninguém esteve porque não chega; e, pela resistência, por não sucumbir, por lutar todo dia, contra o que deveria lutar e até contra o que nem teria por que lutar, cheguei a mais esse patamar”, narrou. 

Nascido num sítio do município de Maraial - Mata Sul de Pernambuco -, na infância teve de vencer a pé os doze quilômetros que separavam o local da cidade, para estudar. Não foram menores as dificuldades para dar seguimento aos estudos morando na periferia do Recife. De uma família de 21 filhos, dos quais 17 sobreviveram, foi o único a fazer curso superior. 

Emocionado, fez uma homenagem a sua mãe. “Aliás, falando sobre ela, que não pôde aguardar este momento solene, para estar aqui presencialmente, digo que, se alguém consegue apreender de outrem alguma coisa, aprendi dela que se deve lutar sozinho, até que alguém chegue para ajudar”, disse. 

O desembargador reforçou o compromisso com a magistratura. “Precisamos ser juízes na íntegra, e não apenas quando nossas decisões ou atos favorecem alguém. Precisamos exercer nossas prerrogativas, dentre elas aquela que compreende executar o trabalho sem se preocupar com o fato de estar causando incomôdo”, defendeu. 

Edmilson Alves ainda homenageou nomes que considerou importantes na história do TRT-6 e em sua trajetória pessoal. Entre eles, reverenciou a memória do professor e desembargador Francisco Solano de Godoy Magalhães, da desembargadora Ana Maria Schuler Gomes e do juiz Thedomiro Romeiro dos Santos. 

A mesa de honra foi composta pelos desembargadores e desembargadoras do Tribunal Pleno e as seguintes autoridades: Ana Carolina Lima Vieira (procuradora-chefe do MPT-6); Eriberto Medeiros Filho (deputado, representando a ALEPE) e Pedro Pontes (procurador do município do Recife). A mesa extensiva contou com os integrantes: Paulo Collier (representando a Procuradoria-Geral de Pernambuco); Sílvia Nogueira (representado a OAB); Rafael Val Nogueira (juiz presidente da AMATRA-VI) e Alexsandra Vilela (presidente da AATP). 

Após a cerimônia solene, os dois desembargadores empossados receberam os cumprimentos na hall de entrada do edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho. 

Mais sobre os novos desembargadores

As nomeações dos magistrados Fernando Cabral de Andrade Filho e Edmilson Alves da Silva para ocuparem os cargos de desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região aconteceram no dia 22 de fevereiro de 2023.  

Fernando Cabral de Andrade Filho  

Natural da cidade de Campina Grande (PB), Fernando Cabral Filho formou-se em Direito na Universidade Católica de Pernambuco.  Antes de exercer a magistratura foi servidor, tendo atuado como assessor de desembargador de 1991 a 1993. Ingressou como juiz do TRT-6 em 1993, sendo promovido a juiz titular em 1998, tendo atuado nas cidades de Floresta, Barreiros, Ipojuca, Igarassu e Recife. O critério de promoção foi o de merecimento e se deu com a vacância do cargo da desembargadora Virgínia Canavarro.

Edmilson Alves da Silva Filha 

Nascido em Maraial, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, Edmilson Alves é formado pela Faculdade de Direito do Recife/UFPE, tendo obtido o grau de mestre em 2000, pela mesma universidade. Foi advogado até que em 1991 tomou posse como juiz no TRT-6, tendo chegado à titularidade em 1993. Em sua carreira, trabalhou em varas nas cidades de Timbaúba, Jaboatão, Olinda e Recife. Sua promoção para a segunda instância seguiu o critério de antiguidade e decorreu da aposentadoria do desembargador Larry Oliveira.

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Texto: Eugenio Jerônimo / Fotos: Helen Moreira/Roberta Mariz